Em 2022, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná reformulou o tradicional Salão Paranaense, que chegou à edição de número 67 ocupando espaços públicos, a internet e o próprio museu. Também foi lançado o Clube de Colecionadores do MAC, realizadas exposições inéditas, além de debates e reflexões sobre o cenário artístico do Paraná e do Brasil.
Outros destaques do ano foram a ação de descentralização do acervo do museu, com mostra realizada em Maringá, e a exposição que celebrou os 20 anos de Faxinal das Artes. De janeiro até novembro, o MAC Paraná recebeu mais de 257 mil visitantes espontâneos em suas salas de exposição físicas.
SALÃO PARANAENSE– O prêmio de arte mais longevo do Brasil chegou a sua 67ª edição completamente reformulado e atento aos debates e fluxos contemporâneos, sob o slogan “na web, na cidade, no museu”. O Salão Paranaense de Arte Contemporânea, promovido pelo MAC Paraná, lançou em janeiro uma página web para apresentar todos os 27 artistas e suas respectivas obras de diferentes linguagens que foram premiadas nessa edição.
A proposta é que o público de cidades não apenas do Paraná, mas também do Brasil e do mundo possa acessar, conhecer e imergir nos trabalhos selecionados pela curadoria. A página do 67º Salão Paranaense segue disponível no site www.mac.pr.gov.br e funciona como uma exposição virtual, incluindo obras premiadas, fichas técnicas, informações sobre os artistas, curadores e sobre a própria história do Salão.
Quatro diferentes categorias filtram as 1.810 propostas de artistas de todo o Brasil recebidas pela equipe curatorial. As categorias incluíram arte digital, trabalhos realizados em linguagens como pintura, escultura, fotografia, gravura, desenho, videoarte e instalação; performances ou intervenções urbanas, e textos críticos.
A mostra física do Salão foi inaugurada no segundo semestre de 2022 e contou com a presença massiva de estudantes universitários de arte e áreas afins, além de professores, pesquisadores, equipe curatorial e artistas premiados.
DESCENTRALIZAÇÃO– Em março, o Centro de Ação Cultural de Maringá inaugurou a mostra “Em Tempos de Opacidade”, com obras selecionadas do acervo do MAC Paraná, sob curadoria de Roberta Stubs. No total, um conjunto de 16 trabalhos foram apresentados ao público de Maringá e região, produzidos por artistas de diferentes gerações e estados do Brasil.
Além de promover a circulação de obras do acervo fora de Curitiba, reforçando o trabalho de descentralização do MAC, essa mostra em Maringá também marcou um processo importante de formação sobre Artes Visuais e sobre como organizar exposições, já que alunos do curso de graduação em Artes Visuais da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foram convidados a participar do processo da montagem das obras no espaço em formato de curso, unindo teoria e prática com a transversalidade entre museu e universidade.
CARNAVAL– Ainda em março, a Boca Maldita se transformou em palco e passarela de um cortejo carnavalesco um pouco diferente. Isso porque o cortejo não marcou o carnaval, mas sim uma performance artística, em homenagem a uma figura que faz parte da história e da memória de Curitiba: Gilda, a travesti mais emblemática da cidade nos anos 1970 e 1980.
A proposta foi idealizada pelo artista Guilherme Jaccon e premiada na categoria de intervenções urbanas do 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea, do MAC Paraná – uma categoria inédita no prêmio até então. Jaccon pesquisa a história de Gilda desde 2015, com foco na memória pública da cidade e nos registros que as instituições têm (ou não têm) sobre a vida e o legado da travesti, ícone da comunidade LGBTQIA+ local.
O cortejo-performance-homenagem teve seu momento mais importante ao final, com a instalação de uma placa de bronze em homenagem à Gilda, bem no centro da Boca Maldita. Diversos artistas e blocos carnavalescos de Curitiba, como Saí Do Armário e Me Dei Bem e Bloco Malinski-se, participaram da ação, que movimentou a Rua XV de Novembro.
INSÓLITOS E CLUBE DE COLECIONADORES– Em abril, foi inaugurada a mostra “Insólitos”, com curadoria da pesquisadora carioca Pollyanna Quintella. A exposição abordou o incomum, o anormal, o que não é habitual, o infrequente e o raro na visão de cinco artistas convidados: Daniel Acosta, Mano Penalva, Maya Weishof, Tony Camargo e Washington Silvera.
Junto com trabalhos desses cinco convidados, fizeram parte importantes obras históricas de António Manuel, Cybele Varela, Henrique Fuhro, Pietrina Checcacci, Vera Chaves Barcellos, Solange Escosteguy e Ubi Bava, produzidas nos anos 1960 e 1970 e que fazem parte do acervo do MAC Paraná.
Além de dar continuidade ao projeto de remixar obras do acervo com artistas convidados, “Insólitos” trouxe em si uma potente novidade: o lançamento oficial do Clube de Colecionadores do MAC Paraná. O projeto visa incentivar o colecionismo de arte contemporânea e a arrecadar fundos para novas aquisições de obras que serão, futuramente, incorporadas ao acervo da instituição. Essa foi a primeira ação da Associação de Amigos do MAC (AAMAC), organização sem fins lucrativos criada exclusivamente para arrecadar fundos para a preservação do acervo do Museu.
Historicamente, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná é um espaço de fomento e preservação da arte produzida no Brasil desde a década de 1940. O Clube de Colecionadores reforça ainda mais essa vocação do Museu e fortalece a preservação da memória artística contemporânea que é salvaguardada aqui.
REPRESENTATIVIDADE– Em junho, Mês do Orgulho LGBTQIA+, o MAC reuniu presencialmente pesquisadores e artistas para discutirem e refletirem, junto ao público, a respeito das territorialidades da comunidade LGBTQIA+ no Paraná. A diretriz de ampliação das vozes e corpos que estão presentes no Museu – seja no acervo, seja na programação – começou com um levantamento da presença de artistas de grupos que sofrem discriminação por raça, gênero e orientação sexual.
Foi a partir desse levantamento que a gestão passou a enunciar essas informações em seus canais de comunicação, explicitando desigualdades e discriminações estruturais e repensando ações que possam reverter este panorama. Atualmente, devido ao edital reformulado do 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea, o MAC possui obras de uma artista trans, além de ter ampliado a presença de artistas LGBTQIA+ em sua coleção.
NOVA GESTÃO– Em agosto, o MAC teve uma mudança em sua diretoria, com a nomeação de Carolina Loch como nova diretora. Formada em Comunicação Social e especialista em Comunicação e Cultura, pela Universidade Positivo, Carolina é mestra em Linguagem e Tecnologia – Estéticas Contemporâneas pela UTFPR. Pesquisa História da Arte desde 2013 e é curadora independente desde 2014. Atuou na Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba de 2014 a 2022, sendo coordenadora institucional do evento desde 2015.
Venceu o Prêmio Jovens Curadores em 2017, com a exposição "O museu é ‘feminista’ e outras esperanças sobre o futuro". Foi jurada do Mercado de Arte Contemporânea de Córdoba, Argentina, em 2018 e ministra cursos de Arte Contemporânea, História da Arte e Arte e Tecnologia desde 2018.
20 ANOS DE FAXINAL DAS ARTES– Um dos eventos mais emblemáticos para a arte contemporânea paranaense aconteceu em 2002, no pequeno município de Faxinal do Céu. Faxinal das Artes foi uma grande residência artística promovida pelo Governo do Paraná, que reuniu cem artistas durante quinze dias para debates, oficinas com a comunidade e produção de obras que mais tarde entraram no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Faxinal das Artes não reverberou apenas naquele ano. Vinte anos depois, essa proposta audaciosa, radical e inédita para a história das artes plásticas do Paraná e do Brasil segue dando frutos. Para celebrar as duas décadas desde a realização, em outubro de 2022 o MAC Paraná inaugurou a exposição “20 anos de Faxinal das Artes: lacunas e processos”. Com curadoria do pesquisador Jhon Erik Voese, a exposição apresentou um olhar retrospectivo e reflexivo sobre o evento, que foi e é um importante marco na história da arte contemporânea paranaense e brasileira.
PROJETO INÉDITO– Ocupando a Sala Adalice Araújo, o MAC promoveu, em outubro, uma iniciativa inédita de curadoria compartilhada para uma nova exposição: “Interferências”. A mostra concentra o trabalho de seis artistas brasileiros selecionados por um grupo de doze curadores que estão imersos no dia a dia do MAC Paraná. O objetivo desse coletivo de curadores, formado por integrantes de diferentes setores do próprio Museu, é colocar em destaque parte do acervo da instituição. Para a equipe, expor também é um ato de preservar as obras de arte, promovendo novas conexões e reflexões. A mostra segue em cartaz até o início de 2023.
SIGNIFICADORES DO INSIGNIFICANTE– Fechando o calendário de exposições inauguradas em 2022, em dezembro entrou em cartaz uma mostra muito especial para a cultura paranaense, que homenageia dois grandes nomes: “Os Significadores do Insignificante”, com obras de Efigênia Rolim e Hélio Leites. O projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria José Justino, e apresenta cerca de 260 obras, muitas inéditas, advindas de acervos institucionais e particulares.
O universo lúdico de Efigênia e Hélio mobilizou dezenas de pessoas na abertura, no dia 10 de dezembro, e contou até com um pequeno cortejo carnavalesco formado por admiradores da dupla de artistas e homenageando especialmente Efigênia Rolim, que devido à sua idade avançada não pode estar presente na inauguração. A exposição segue recebendo visitas constantes de grupos escolares, com contações de histórias semanalmente por Hélio Leites para crianças visitantes.
SERVIÇO– O Museu de Arte Contemporânea do Paraná está funcionando temporariamente nas salas 08 e 09 do Museu Oscar Niemeyer, devido às reformas em sua sede original.
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Gratuito para menores de 12 anos e maiores de 60 anos
Acesso gratuito toda quarta-feira, das 10h às 18h.
Rua Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico, Curitiba – PR
(41) 3323-5328 / 3222-5172
O MAC Paraná também administra a Sala Adalice Araújo, no hall do edifício sede da Superintendência-Geral da Cultura do Paraná. Rua Ébano Pereira, 240, Centro – Curitiba
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